Quando a criança cresce dependente dos pais, ou
seja, quando eles não estimulam sua autonomia e fazem tudo por elas,
teremos adultos inseguros e sem iniciativas.
Crianças devem fazer sozinhas o que cabe para a
faixa etária delas e assim constroem passo a passo o caminho da
autonomia… Incentivar as funções executivas (comer sozinha,
trocar-se, organizar-se, atender comandos, etc) é papel da família,
pois isso lhes trará segurança, independência e autonomia.
As escolhas na idade infantil devem sempre vir
acompanhadas da reflexão de suas consequências. Se isso ficar claro
para a criança ela certamente aprenderá que ao fazer escolhas
assume com elas suas consequências. Quando damos a uma criança o
poder de escolha, estamos incentivando a tomada de decisão. A
criança que escolhe, não vai necessariamente, mandar nos pais, pois
o poder de decisão não é dela e sim de quem propõe a escolha.
Pais conscientes não lhes farão propostas impossíveis. Com isso,
constrói-se uma relação saudável ao longo da vida.
Criança da creche lll (integral) aprendendo a pentear o cabelo
A autonomia precisa ser estimulada, para que não
haja o risco dela crescer e se tornar um adulto indeciso, inseguro,
sem iniciativa, dependente… Provavelmente aquele que não sairá da
casa dos pais, pois não consegue se virar sozinho.
A importância está na conscientização, pois ela
aprenderá que para toda ação há uma reação e que se a escolha
foi sua terá que conviver com as consequências posteriormente.
Vale lembrar que uma criança nunca está pronta. Ela
deve ser sempre acompanhada e monitorada em suas escolhas, pois este
é um processo na formação da personalidade… A criança que
reflete quando colocada frente a uma situação começa a mostrar
sinais de maturidade e aos poucos pode ir correspondendo às tarefas
que o adulto lhe concede.
A autonomia pode contribuir para a iniciativa e
consequentemente a criança que tem iniciativa busca desenvolver
todas as suas habilidades, pois participa mais e se desenvolve
melhor. O desenvolvimento motor de uma criança é caracterizado por
uma série de marcos, capacidades que ela adquire antes de avançar
para outras mais difíceis. “Esses marcos não são realizações
isoladas, cada capacidade obtida prepara o bebê para lidar com a
seguinte”.
Podemos dizer que a independência está relacionada
às habilidades da criança em realizar tarefas e seguir regras. Já
a autonomia está relacionada ao desenvolvimento emocional da
criança. Uma criança é autônoma quando ela se envolve em
atividades a partir da sua vontade e interesse, e não apenas porque
está obedecendo a alguma regra. A autonomia é desenvolvida por meio
do respeito aos interesses da criança e da relação de confiança
que ela estabelece com os pais ou responsáveis do dia a dia.
Para incentivar a autonomia de seus filhos: –
converse bastante com eles, mostre a eles as consequências de seus
atos, incentive pequenas tarefas: colocar a roupa, arrumar a cama,
comer sozinho, guardar os brinquedos, tomar banho, etc; conte
histórias onde os personagens demonstrem autonomia em suas ações
cotidianas, pois a criança imita modelos; incentive e estimule as
funções executivas; incentive a resolver seus próprios conflitos.
A criança deve ser sempre incentivada mesmo que não
consiga realizar algo, pois assim buscará o seu melhor… A
frustração deve ocorrer, pois proporciona reflexão sobre o que deu
errado e como pode melhorar. Esse exercício provoca maturidade e o
incentiva a sempre fazer o seu melhor sozinho estimulando a não
desistir.
A partir do momento que iniciam o discernimento entre
o que podem e o que não podem realizar. Geralmente, a partir dos 3
anos, iInvista em brincadeiras em que a criança precise ter
iniciativa… Os pequenos grupos ajudam muito… Jogos de tabuleiro
são fortes aliados nesta construção. Brincadeiras como: casinha,
escolinha que trabalham com a imaginação da criança também
mostram o papel de cada um, ressaltando quem tem liderança, quem tem
autonomia, quem tem iniciativa, etc.
Os bebês da creche ll alimentando-se sozinhos
O que uma criança de até 3 anos já pode e deve
fazer sozinha?
– Guardar os brinquedos: fazer disso uma
brincadeira, como colocar uma música para tocar e brincar de guardar
tudo antes de ela acabar.
– Cuidar da roupa suja: aos 3 anos, a criança pode
separar as próprias roupas das outras, também pode pôr sua roupa
suja no cesto.
– Arrumar a mesa: podem tirar o pó e passar um
pano na mesa e no chão se você torcer o pano para elas.
Podem
caminhar pequenas distâncias com o adulto.
– Aos 3 anos já dá para comer sozinho com um
garfo de pontas arredondadas, mas ainda é preciso cortar a comida
para ele.
– Utilizar brinquedos que estimulem o ato de
encaixar e incentivar o desenho com giz de cera grosso.
– Falar ao telefone, nadar, empilhar cubos, pintar
com os dedos, adquirir noção de tempo: hoje, amanhã, depois, cedo,
tarde…
O que uma criança de até 4/5 anos já pode e deve
fazer sozinha?
Escovar os dentes, limpar o bumbum, tomar banho,
trocar de roupa. Compreende cerca de 9 mil palavras e inicia a fase
de alfabetização, amarrar os sapatos, andar de bicicleta sem
rodinha.
Tem confiança nela mesma e se separa da mãe com mais
facilidade, especialmente quando é para brincar na casa de um
amiguinho ou dormir na casa da vovó. Isso acontece porque se sente
segura mesmo estando longe dos pais. Ela entende as situações, sabe
que pode ligar para a mãe quando quiser e que ela voltará para
buscá-la.
O que uma criança de até 7 anos já pode e deve
fazer sozinha?
Praticar esportes, escolher as próprias roupas,
arrumar a cama, aprender a ler e escrever, além de todas as ações
acima.
O que uma criança de até 10 anos já pode e deve
fazer sozinha?
Aos 10 anos, a motricidade é mais tranquila e a
descarga de tensão aparece nos movimentos finos, como enrolar os
cabelos, enquanto fazem o dever ou morder a bochecha.
Pode
atravessar a rua sozinha, deve fazer o dever de casa sem supervisão,
resolver seus próprios conflitos sem a supervisão do adulto, ajudar
na arrumação da casa, etc.
NA ESCOLA
Além dos pais, a escola também é
considerada uma das grandes fontes para o desenvolvimento da
autonomia. Simples tarefas que os professores podem solicitar que as
crianças façam têm esse poder de desenvolvimento.
Exemplos:
* Para ir buscar um livro na
biblioteca ou qualquer outro material que será usado na aula
*
Para transmitir um recado para outra professora
* Para entregar
os materiais aos colegas
* Servir-se no lanche da escola
* Guardar seu material pessoal na sua mochila (agenda, copo, toalha)
*
Mostrar aos pais o bilhete na agenda
* Formar pequenos grupos
para trabalhos
* Organizar brincadeiras no intervalo
Estas
pequenas missões auxiliam(e muito) as crianças a executar tarefas
sozinhas e a conquistar independência.
* Como a escola pode ajudar pais e mães a
desenvolver mais a autonomia das crianças em casa?
Conscientizar
as famílias é o mais importante, pois assim cada uma atribuirá a
seu filho o que é possível fazer diariamente sozinho. Essa
conscientização pode ocorrer através das dicas da professora ou em
um momento aberto para discussão, como a Escola de Pais.
* Orientar os pais a estimular a autonomia das
crianças é papel da escola?
A orientação sempre será papel
da escola. No entanto, colocar em prática as dicas fornecidas por
essa orientação é particular de cada família.
Fonte: Vanessa Guilhermon Rodrigues
Psicopedagoga da Clia Pisicologia, Saúde & Educação;