Ansiedade e medo são estados
emocionais correlacionados, qualificados como desagradáveis. No entanto, o medo
surge diante de situações claras e evidentes de ameaça e perigo, enquanto a
ansiedade seria desencadeada por situações onde o perigo é apenas potencial,
vago e incerto. É preciso, portanto, entender que o medo faz parte da evolução
das espécies ele é quem coloca o corpo em vigilância.
Nas crianças o medo
se manifesta por volta dos 9 meses de idade e a intensidade do medo irá variar
de criança para criança. Com o desenvolvimento o medo aumenta gradativamente, a
criança passa a temer bichos, insetos, escuro, fantasmas etc, com o inicio da
adolescência esses medos tendem a diminuir e desaparecer, havendo persistências
dos mesmos os pais devem ficar atentos e buscar ajuda.
Esse passo deve ser
dado para evitar comparações entre a criança e os colegas. Alguns pais pensam
que é anormal sentir medo, no entanto, como dito anteriormente ele é necessário
para defesa do nosso organismo, se não o fosse faríamos de tudo com o nosso
corpo sem temer. Como traz Rapee, "Quase todo mundo tem alguma
procupação com germes - basta você mesmo se perguntar se comeria na tigela do
cachorro!" (2010, p. 21) Neste sentido, fica claro que o medo ajuda
evitar as situações de risco, contudo é preciso estar atento ao fato do medo
impedir a criança de realizar suas atividades diárias, nesse caso passando para
a ansiedade. Para Rapee (2010),
De modo geral, a
ansiedade não exercer um impacto tão dramático na vida da criança quanto às
drogas e a delinquência, mas mesmo assim seu efeito pode ser considerável.
Crianças ansiosas costumam ter menos amigos que as outras da mesma idade.
(RAPEE, 2010, p.23)
Algumas crianças
ansiosas se dão bem na escola devido ao seu grau de perfeccionismo, e os
professores encaram como sendo uma qualidade, contudo, nem todas se dão bem, há
aquelas que atrasam a entrega de trabalhos por sentirem-se apreensivas se
executaram a tarefa corretamente ou não. Em outros casos a criança se demonstra
tímida e sente dificuldade em fazer amizades e isolam-se do grupo.
Pesquisas apontam que
a longo prazo, crianças tímidas restringem suas opções de carreiras, atividades
como: vendas, comunicação, trabalho jurídico ficam absolutamente fora de
cogitação, devido à ansiedade que sentem de se expor em público. (Rapee, 2010).
Como a Ansiedade se manifesta?
A ansiedade se
manifesta em três efeitos diferentes (Rapee, 2010). Primeiramente, a ansiedade
é vivida em seus processos mentais e pensamentos, ou seja, a todo momento a
criança pensa que irá se machucar, ou que acontecerá algo a alguém próximo a
ela. Depois a criança passa a sentir a ansiedade em seu corpo através do
aumento da frequência cardíaca, respiração, transpiração e náusea, a criança
pode queixar-se também de dor de cabeça, pode vomitar e ter diarreia. E por
último, a ansiedade afeta o comportamento da criança, em situações de ansiedade
ela ficará nervosa, pode chorar e agarrar-se ao adulto.
A ansiedade varia de
criança para criança, contudo há alguns padrões comuns de ansiedade, em seu
livro Transtorno de Ansiedade na infância, Rapee descreve como sendo:
1. Fobias Específicas:
Medo de determinado objeto ou situação. São fobias específicas comuns: medo do
escuro, de cachorros, altura, aranhas, injeção etc.
2. Ansiedade de Separação: É
o medo de ficar longe da pessoa que cuida da criança, normalmente a mãe. Em
casos graves a criança segue a pessoa inclusive dentro de casa. É comum essa
criança se recusar a ir à escola.
3. Ansiedade Generalizada: Crianças
assim são descritas como “preocupação ambulante”, afligem-se com qualquer
situação nova apresentada, e muitas vezes ficam repetindo a mesma pergunta aos
pais para sentirem-se mais tranquilas.
4. Ansiedade Social ou Fobia Social: É
o medo de interagir com outras crianças ou ser o foco das atenções, como em
apresentações culturais da escola.
5. Transtorno Obsessivo-Compulsivo: Quando
a criança passa longos períodos repetindo algum comportamento ou pensamento. Ela
pode demonstrar preocupação excessiva com germes e organização. Fazem as mesmas
coisas repetidamente, de forma supersticiosa e ritualista.
6. Síndrome do Pânico:
É o medo de ter um ataque de pânico, não é comum em crianças, sendo mais
encontrada em Adolescentes. A súbita precipitação do medo vem acompanhada de
aceleração dos batimentos cardíacos, transpiração, tontura, zumbido e falta de
ar, o que leva a criança a pensar que esta morrendo.
7. Transtorno do Estresse Pós-Traumático:
É
a reação a um evento traumático grave no qual a criança se sentiu extremamente
amedrontada ou se feriu. Eventos que podem desencadear esse tipo de reação
incluem acidentes automobilísticos, desastres naturais, agressões sexuais ou
presença da criança durante um assalto. Lembrar-se do evento por algumas
semanas é normal, porém, se com o passar de algumas semanas a criança persistir
com falas sobre o ocorrido, ter pesadelos ou incluir o trauma nas brincadeiras,
os pais devem buscar ajuda.
O
que causa Ansiedade na Criança?
Não existe uma resposta
pronta, o que se sabe são que diversos fatores desencadeiam a Ansiedade. Genética, este é um fator evidente e já
envolve várias pesquisas acerca do tema. Reação
dos Pais, a maneira como os pais lidam com seus próprios medos irá
influenciar nas atitudes das crianças. Como os pais lidam com os medos das
crianças também, em determinadas situações pode-se apresentar um cuidado
exagerado como se estivessem prevendo a ansiedade do filho, e assim, a criança
estabelecerá um conceito de que não pode encarar os medos e de que o mundo é
realmente um lugar perigoso. Exemplo dos
Pais, se os pais são ansiosos não adianta pensar que educará o filho para
ser diferente, a criança aprende por imitação, portanto, se a ansiedade está
nos pais deve ser tratada em família. Estressores,
algumas situações são desencadeantes do medo como, ser mordida por um
cachorro, passar pela separação dos pais, morte de pessoas próximas etc. É necessário
estar atento ao comportamento da criança diante dessas situações e ter claro
que mesmo dentro da inocência infantil ela tem sentimentos acerca do que ocorre
em sua volta e precisa de ajuda para saber lidar com essas sensações.
Como
ajudar a criança Ansiosa?
O que geralmente ocorre
é o aparecimento da ansiedade quando se inicia a vida escolar. A escola é o
primeiro local de convívio social, onde não há a proteção dos pais, e é preciso
aprender a lidar com os conflitos apresentados. Assim, é necessário que os pais
e escola caminhem num mesmo sentido priorizando sempre o bem-estar da criança.
Os pais devem ser participativos na vida escolar e incentivadores dos filhos,
em contrapartida a escola favorecerá o ensino através de atividades que
acompanhem a singularidade da criança. E sendo observado que a ansiedade está
em um grau elevado, faz-se necessário então um acompanhamento com o
profissional Psicólogo que irá orientar pais e professores de acordo com o que
cada situação exige. É preciso também que os pais saibam que realizar um
acompanhamento psicológico não quer dizer que a criança é “louca” e nem é motivo
para se envergonhar, o Psicólogo, é o profissional habilitado para ajudar na
organização dos sentimentos, sem julgamentos acerca das atitudes de cada
individuo.
Autora: Sandra A. da Costa. - Pedagoga e Psicóloga. Especialista em Educação Infantil e Alfabetização.
Referencial Teórico: RAPEE, Ronald M.; Transtorno da Ansiedade na Infância. Org. SPENCE, Susan H.; COBHAM, Vanessa; WIGNALL, Ann. M. Books Editora, São Paulo - 2010.